sábado, 19 de maio de 2012

PRÉ-TEXTOS V - AUSÊNCIAS II






Deixei enterradas no quintal de Conquista bolinhas de gude de um azul profundo. No forro da casa, desenhos de oceanos, peixes que nunca vi.

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A palavra ausência é, por si só, muito só.

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A adolescência é, também, um processo de senescência: é quando os pais descobrem, entre  marcas de espinhas, as marcas da solidão.

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Saudade é a ausência disfarçada de passado.

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A solidão não é a ausência física, mas um estado de inconsciência entre próximos.

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Canções são lâminas de dois acumens.

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O conforto do cacto solitário é ser suporte de cena. Por que sua presença constante em panorâmica de todo filme desértico?

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Estrelas são a ausência mais brilhante dos objetos surgidos no céu.


(6.5.5)

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